Hipersensibilidade do Tomateiro: um desafio que exige múltiplas ações

No Brasil, o Vira-Cabeça do tomateiro (vide Figura 1) é causado por várias espécies do gênero tospovírus: CSNV, GRSV, TCSV e TSWV. Mais de 550 espécies de plantas, compreendendo mais de 70 famílias vegetais, são relatadas como hospedeiras potenciais destes vírus. Os tospovírus em solanáceas são transmitidos por tripes, principalmente Frankliniella occidentalise F. schultzei.

De acordo com Ricardo Giória, Coordenador de Fitopatologia da Sakata, ocontrole ineficiente de tripes, juntamente com os plantios sucessivos de tomate e as alterações climáticas significativas nos últimos anos são algumas das razões que favoreceram o incremento da população de tripes e o aumento na pressão de inóculo do Vira-Cabeça nas plantações de tomate.

Segundo o especialista, “em algumas regiões do Brasil, a pressão do patógeno se tornou tão alta, que um fenômeno científico – já conhecido, mas até então de rara aparição – tem se tornado frequente nas lavouras. Trata-se da Necrose Sistêmica (vide Figura 2), uma sintomatologia comum hoje em áreas onde são plantados híbridos de tomate com alto nível de resistência à Vira-Cabeça”, explica Giória.

Popularmente conhecida como “Hipersensibilidade do Tomateiro”, a Necrose Sistêmica normalmente ocorre em função da alta pressão de tripes associada a temperaturas mais elevadas. “Muitos produtores acreditavam que a introdução de variedades resistentes eliminaria a necessidade de controle do inseto vetor. No entanto, ao deixar o controle do inseto em segundo plano, o risco de perda de plantas se torna muito alto”, alerta o profissional.

Para Ricardo Giória, a realidade que se apresenta, com perdas representativas nas lavouras de tomate devido à alta incidência de insetos vetores com vírus, tem mobilizado o setor sementeiro para desenvolver novos híbridos de tomate com alto nível de resistência a tospovírus, disponibilizando ao mercado o lançamento de novas variedades, no intuito de proporcionar assim um novo cenário para a tomaticultura no país. Mas ele adverte que “as variedades com níveis de resistência estão inseridas neste contexto como parte importante de uma solução, visando o incremento da produtividade e também do lucro do produtor, contudo, o manejo integrado de pragas e doenças é fundamental para a sustentabilidade da tomaticultura”, salienta Giória.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.